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BACTERIOLOGIA – CAPÍTULO SETE
BACTERIÓFAGO
Dr Gene Mayer
Emeritus Professor
University of South Carolina School of Medicine
Tradução: Dr.
Myres Hopkins
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INGLÊS |
ESPANOL |
ALBANES |
ESCOLA DE MEDICINA DA
UNIVERSIDADE DA CAROLINA DO SUL |
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Nelson, Rush University, Chicago, Illinois and
The MicrobeLibrary |
APRENDA PLUGADO |
OBJETIVOS
Descrever a composição geral e estrutura do bacteriófago
Discutir o processo infeccioso e o ciclo de multiplicação lítica
Explicar o ciclo lisogênico e sua regulação
© CellsAlive
- James A. Sullivan |
INTRODUÇÃO
Bacteriófagos
(fagos) são parasitas intracelulares obrigatórios que se multiplicam dentro
da bactéria fazendo uso de algumas ou de tôda a maquinária biossintética do
hospedeiro (i.e., vírus que infectam bactérias.).
Existem muitas
similaridades entre bacteriófagos e vírus celulares animais. Assim,
bacteriófagos podem ser vistos como sistema-modêlo para vírus de células
animais. Além disso, um conhecimento do ciclo de vida do bacteriófago é
necessário para compreender um dos mecanismos pelo qual genes bacterianos
podem ser transferidos de uma bactéria para outra.
Houve uma época em
que se pensava que o uso de bacteriófagos poderia ser uma maneira eficiente
de tratar infecções bacterianas, mas logo ficou conhecido que fagos são
rapidamente removidos do corpo e assim, eles teriam pouco valor clínico.
Entretanto, bacteriófagos são usados no laboratório de diagnóstico na
identificação de bactérias patogênicas (tipagem fágica). Embora a tipagem
fágica não seja usada rotineiramente no laboratório clínico, é usada em
laboratórios de referência com fins epidemiológicos. Recentemente, novo
interesse tem se desenvolvido no possível uso do bacteriófago para o
tratamento de infecções bacterianas e em profilaxia. Não se sabe se o
bacteriófago ainda vai ser usado em medicina clínica.
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PALAVRAS-CHAVE
Bacteriófago
Tipagem de fagos
Capsídios
Cauda
Bainha contrátil
Placa-base
Fibras da cauda
Fago virulento
Eclipse
RNAm iniciais e tardios
Placa
UFP
Lisogenia
Fago temperado
Profago
Lisógeno
Extremidades coesivas
Recombinação sítio-específica
Repressão
Indução
Conversão lisogênica
T4
Bacteriófago (TEM x390,000) ©
Dennis Kunkel Microscopy, Inc.
Used with permission
Eletromicrografia com coloração negativa do bacteriófago T4
©
ICTV.
Figura 1 Estrutura do bacteriófago T4 |
COMPOSIÇÃO E ESTRUTURA DO BACTERIÓFAGO
Composição
Embora
diferentes bacteriófagos possam conter material diferente, eles
todos contém ácidos nuclêicos e proteína.
Dependendo
do fago, o ácido nuclêico pode ser DNA ou RNA, mas não ambos e ele
pode existir em várias formas. Os ácidos nuclêicos dos fagos
frequentemente contém bases modificadas não usuais. Essas bases
modificadas protegem o ácido nuclêico do fago contra nucleases que
degradam ácidos nuclêicos alheios durante a infecção pelo fago. O
tamanho do ácido nuclêico varia dependendo do fago. Os fagos mais
simples têm ácido nuclêico o suficiente para codificar para 3-5
produtos gênicos de tamanho médio, enquanto fagos mais complexos
podem codificar para mais de 100 produtos gênicos.
O número de
proteínas de diferentes tipos e a quantidade de cada tipo de
proteína na partícula fágica varia dependendo do fago. O fago mais
simples tem muitas cópias de uma ou duas proteínas diferentes,
enquanto que fagos mais complexos podem ter muitos tipos diferentes.
As proteínas funcionam na infecção e para proteger o ácido nuclêico
contra nucleases no ambiente.
Estrutura
Bacteriófagos existem em muitos tamanhos e formas diferentes. As
características básicas estruturais dos bacteriófagos estão
ilustradas na Figura 1, que mostra o fago chamado T4.
1.
Tamanho - T4 está entre os maiores fagos; mede aproximadamente
200 nm de comprimento e 80-100 nm de largura. Outros fagos são
menores. A maioria dos fagos varia de tamanho de 24-200 nm de
comprimento.
2.
Cabeça ou Capsídeo – Todos os fagos contém uma estrutura em
cabeça que pode variar de tamanho e forma. Algumas são
icosaédricas (20 lados) outras são filamentosas. A cabeça ou
capsídeo é composta de muitas cópias de uma ou mais proteínas
diferentes. Dentro da cabeça está o ácido nuclêico. A cabeça age
como cobertura protetora do ácido nuclêico.
3. Cauda
– Muitos mas não todos os fagos têm caudas ligadas à cabeça do
fago. A cauda é um tubo ôco através do qual o ácido nuclêico
passa durante a infecção. O tamanho da cauda pode variar e
alguns fagos não têm a estrutura em cauda. Nos fagos mais
complexos como o T4 a cauda é envolvida por uma bainha contrátil
que contrai durante a infecção da bactéria. No fim da cauda, os
fagos mais complexos como o T4 têm uma placa-base e uma ou mais
fibras da cauda ligadas a ela. A placa-base e fibras da cauda
estão envolvidas na ligação do fago à célula bacteriana. Nem
todos os fagos têm placa-base e fibras da cauda. Nesses casos
outras estruturas estão envolvidas na ligação da partícula
fágica à bactéria.
INFECÇÃO DAS CÉLULAS HOSPEDEIRAS
Adsorção
A primeira
etapa no processo de infecção é a adsorção do fago à célula
bacteriana. Esta etapa é mediada pelas fibras da cauda ou por
algumas estruturas análogas nos fagos que não têm essas fibras e
isso é reversível. As fibras se ligam a receptores específicos na
célula bacteriana e a especificidade do hospedeiro do fago (i.e. a
bactéria que pode ser infectada) é normalmente determinada pelo tipo
de fibras da cauda que o fago tem. A natureza do receptor bacteriano
varia em bactérias diferentes. Entre os exemplos se incluem
proteínas na superfície externa da bactéria, LPS, pili, e
lipoproteína. Esses receptores estão na bactéria para outras
finalidades e fagos se desenvolveram capazes de usar esses
receptores para a sua infecção.
Ligação irreversível
A ligação do fago à bactéria via fibras da cauda é fraca e
reversível. A ligação irreversível do fago à uma bactéria é mediada
por um ou mais dos componentes da placa-base. Fagos que não têm
placa-base têm outras maneiras de se ligarem firmemente à célula
bacteriana.
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VIDEO
Bacteriófago
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© Mondo Media
San Francisco, California 94107 USA and
The
MicrobeLibrary |
Figura 2 Contração da bainha da cauda do T4 |
Contração da Bainha
A ligação
irreversível do fago à bactéria leva à contração da bainha (daqueles fagos
que têm uma bainha) e a fibra ôca da cauda é empurrada através do envoltório
bacteriano (Figura 2). Fagos que não têm bainhas contráteis usam outros
mecanismos para fazer a partícula do fago atravessar o envoltório
bacteriano. Alguns fagos têm enzimas que digerem vários componentes do
envoltório bacteriano.
Injeção do Ácido Nuclêico
Quando o fago passa pelo envoltório bacteriano o ácido nuclêico da cabeça
passa através da cauda ôca e entra na célula bacteriana. Normelmente, o
único componente do fago que entra na célula é o ácido nuclêico. O restante
do fago permanece do lado de fora da bactéria. Há algumas exceções a esta
regra. Isso é diferente de virus celulares de animais em que a maioria das
partículas virais penetram na célula. Esta diferença é provavelmente devida
à inabilidade da bactéria de englobar materiais.
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Figura 3 Ciclo de vida de um fago lítico
Figura 4 Ensaio do fago lítico |
CICLO DE
MULTIPLICAÇÃO DO FAGO
Fagos
Líticos ou Virulentos
Definição
Fagos líticos ou virulentos são os que só podem se multiplicar em
bactéria e matam a célula por lise no final do ciclo de vida.
Ciclo de
vida
O ciclo de vida de um fago lítico está ilustrado na Figura 3 .
Período de
eclipse
Durante a fase de eclipse, nenhuma partícula fágica infecciosa pode ser
encontrada dentro ou fora da célula bacteriana. O ácido nuclêico do fago
se apossa da maquinária biossintética do hospedeiro e RNAm e proteínas
especificadas pelo fago são produzidas. Ocorre uma expressão ordenada de
síntese macromolecular dirigida pelo fago, tal como se vê em infecções
por vírus animais. Os primeiros RNAm codificam para as primeiras
proteínas que são necessárias para a síntese de DNA do fago e para
desligar o DNA, o RNA e a biossíntese protéica do hospedeiro. Em alguns
casos as primeiras proteínas na verdade degradam o cromossoma do
hospedeiro. Depois que o DNA do fago é feito, novos RNAm e novas
proteínas são feitas. As novas proteínas são as proteínas estruturais
que compreendem as proteínas do fago e também as proteínas necessárias
para a lise da célula bacteriana.
Fase de
Acúmulo Intracelular
Nesta fase o ácido nuclêico e proteínas estruturais que foram feitas são
montadas e partículas de fago infecciosas se acumulam dentro da célula.
Lise e
Liberação do Fago
Após certo tempo a bactéria começa a lisar devido ao acúmulo da proteína
de lise do fago e fagos intracelulares são liberados no meio. O número
de partículas liberadas por bactéria infectada é de cerca de 1000.
Ensaio do
Fago Lítico
Ensaio de placa
Fagos líticos são enumerados em um ensaio de placa. Uma placa é uma área
clara que resulta da lise da bactéria (Figura 4). Cada placa é formada
por um único fago infeccioso. A partícula infecciosa que produz uma
placa é chamada de unidade formadora de placa”
(ufp, ou em Inglês upf).
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Figura 5
Circularização do cromossomo do fago: extremidades coesivas
Figura 6 Recombinação sítio-específica |
Fago Lisogênico ou Temperado
Definição
Fagos lisogênicos ou temperados são aqueles que podem se multiplicar
pela via do cíclo lítico ou podem entrar em um estado quiescente na
célula. Neste estado quiescente a maior parte dos genes não são
transcritos; o genoma do fago existe em um estado reprimido. O DNA
do fago neste estado reprimido é chamado de profago porque não é um
fago mas tem o potencial de produzir um fago. Na maioria dos casos o
DNA do fago se integra no cromossomo do hospedeiro e é replicado
junto com o cromossoma e transmitido às células-filhas. A célula que
contém o profago não é afetada pela presença do profago e este
estado lisogênico pode persistir indefinidamente. A célula que
abriga o profago é chamada de lisógeno.
Eventos Que levam à Lisogenia
O Fago
Prototipo: Lambda
Circularização do cromossomo do fago
O DNA de lambda é uma fita dupla linear com pequenas regiões de
fita simples nos terminais 5'. Esses terminais de fita simples
são complementares (extremidades coesivas) e assim eles
podem parear base a base e produzir uma molécula circular. No
interior da célula as extremidades livres do círculo podem ser
ligadas para formar um círculo covalentemente fechado como
ilustrado na Figura 5.
Recombinação sítio-específica
Um evento recombinacional, catalizado por uma enzima codificada
por um fago, ocorre entre um local específico no DNA do fago
circularizado e um local específico no cromossomo do hospedeiro.
O resultado é a integreação do DNA do profago no cromossomo do
hospedeiro como ilustrado na Figura 6.
Repressão do genoma do fago
Uma proteína codificada pelo fago, chamada de repressor, é
produzida, que se liga a um local específico no DNA do fago,
chamado de operador, e desliga a transcrição da maioria dos
genes do fago EXCETO do gene repressor. O resultado é um genoma
do fago estavelmente reprimido, que está integrado no cromossomo
do hospedeiro. Cada fago temperado vai reprimir apenas o seu
próprio DNA e não o do outro fago, de forma que a repressão é
muito específica (imunidade à superinfecção pelo mesmo fago).
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Figura 7 Terminação da lisogenia
Figura 8A
Eletromicrografia de varredura (MEV) de células de Escherichia coli
com partículas de fago (que aparecem como pequenos pontos) ligados do
lado de fora das células.
© Scott Kachlany, Cornell
University Ithaca, New York, USA and
The MicrobeLibrary
Figura 8B
MEV de células de E. coli com envoltórios celulares rompidos,
possivelmente devido a liberação de fagos. Após o fago se replicar
dentro das células hospedeiras, eles devem ser liberados das células
hospedeiras.
Isso ocorre normalmente pela lise da célula.
© Scott Kachlany, Cornell University Ithaca, New York, USA and
The MicrobeLibrary |
Eventos
que Levam ao Término da Lisogenia
Todas as vezes
que uma bactéria lisogênica está exposta a condições adversas, o estado
lisogênico pode ser terminado. Este processo é chamado de indução.
Condições que favorecem o término do estado lisogênico incluem:
desecação, exposição a UV ou radiação ionizante, exposição a agentes
mutagênicos químicos, etc. Condições adversas levam à produção de
proteases (proteína Rec A) que destrói a proteína repressora. Isso por
sua vez leva à expressão dos genes do fago, reversão do processo de
integração (excisão) e multiplicação lítica.
Ciclo
Lítico vs Ciclo Lisogênico
A decisão de
lambda sobre se entra no ciclo lítico ou lisogênico quando ele entra na
célula é determinada pela concentração do repressor e por outra proteína
do fago codificada pelo gene cro, no interior da célula. A
proteína Cro desliga a síntese do repressor e assim impede o
estabelecimento da lisogenia. Condições ambientais que favorecem a
produção de Cro irá levar ao ciclo lítico, enquanto que as que favorecem
a produção do repressor irá favorecer a lisogenia.
Importância da Lisogenia
Modêlo
de transformação por virus animais
Lisogenia é um sistema modêlo para a transformação viral de células
animais.
Conversão lisogênica
Quando uma célula se torna lisogenizada, ocasionalmente genes extras
carregados pelo fago se expressam na célula. Este processo é chamado
de conversão lisogênica ou conversão fágica. Este fenômeno pode ter
significado, clinicamente. Ex. Tem sido demonstrado que fagos
lisogênicos carregam genes que podem modificar o antígeno O de
Salmonella, que é um dos mais importantes antígenos para o qual a
resposta imune é dirigida. A produção de toxina pela
Corynebacterium diphtheriae é mediada por um gene que é
carregado por um fago. Somente aquelas linhagens que foram
convertidas por lisogenia são patogênicas.
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Esta página foi traduzida do original em inglês por Myres MTR Hopkins, PhD
em Ciências (Genética – Universidade de São Paulo) e é mantida por Richard
Hunt
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