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DOENÇAS INFECCIOSAS

BACTERIOLOGIA IMUNOLOGIA MICOLOGIA PARASITOLOGIA VIROLOGIA

 

 

PARASITOLOGIA - CAPÍTULO SEIS  

TREMATÓDEOS (XISTOSE, BARRIGA D'ÁGUA)  

Dr Abdul Ghaffar
Professor Emérito
Escola de Medicina da Universidade da Carolina do Sul

Tradução:
PhD. Myres Hopkins

EM INGLÊS

SHQIP - ALBANEZ

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DR MYRES HOPKINS
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Logo image © Jeffrey Nelson, Rush University, Chicago, Illinois  and The MicrobeLibrary


Todos os diagramas de ciclos de vida nesta seção são uma cortesia da Biblioteca de Imagens de Parasitas do DPDx 
Centros para Controle de Doenças (CDC)


OBJETIVOS
Epidemiologia, morbidez e mortalidade
Morpologia do organismo
Ciclo de vida, hospedeiros e vetores
Doença, sintomas, patogênese e Diagnóstico
Tratamento, prevenção e controle

O tremadódeo mais significativo sob o ponto de vista clínico são os do sangue, Schistosoma mansoni, S. japonicum e S. hematobium. Outros trematódeos de importância são os intestinais, Fasciolopsis buski, Fasciola hepatica, Clonorchis sinensis e verme do pulmão Paragonimus westermani.


ESQUISTOSSOMOSE (BILHARZÍASE)
As três espécies de Schistosoma têm diferentes distribuição geográfica. S. hematobium prevalece na África, S. mansoni é encontrado na África e na América e S. japonicum é comum no Leste da Ásia.


Epidemiologia
Aproximadamente 250 milhões de pessoas são infectadas por schistosomas e 600 milhões estão sob risco.

Morfologia
Vermes adultos medem 10 a 20 mm de comprimento; o macho tem uma forma não usual lameliforme com dobras marginais formando um canal no qual reside a fêmea delgada. Diferentemente de outros tramatódeos, schistosomas têm sexos separados (figura 1).

Ciclo de vida
O Homem é infectado pela cercária de água doce pela penetração na pele. A cercária viaja através da circulação venosa até o coração, pulmões e circulação portal. Em cerca de 3 semanas, elas maturam e atingem os vasos mesentéricos (S. japonicum e S. mansoni) ou da bexiga (S. hematobium) onde vivem e ovulam enquanto durar a vida do hospedeiro. Os ovos germinam e passam através das paredes dos vasos para o intestino ou bexiga e são excretados nas fezes (S. japonicum e S. mansoni) ou na urina (S. hematobium). Na água doce, a larva miracídio eclode saindo do ovo e nada até encontrar um caramujo adequado. Após duas gerações de multiplicação no caramujo, a cercária com cauda em forquilha emerge para a água e infecta outro ser humano (figura 2).

Sintomas
A penetração da cercária causa dermatite transitória (coceira de nadador). Os sintomas de esquistossomose são primariamente devidos à reação contra os ovos e incluem esplenomegalia, linfadenopatia e diarréia. Na bexiga, eles produzem lesões granulomatosas, hematúria e às vezes oclusão uretral. A maioria dos cânceres de bexiga em áreas endêmicas estão associados com infecção crônica. No intestino, eles causam formação de pólipos que, em casos severos, podem resultar em disenteria com risco de vida. No fígado, os ovos causam fibrose periportal e hipertensão portal resultando em hepatomegalia, esplenomegalia e ascite. Um aumento grosseio das veias esofageanas e gástricas pode resultar na sua rutura. Ovos de S. japonicum são às vezes levados para o sistema nervoso central e causam cefaléia, desorientação, amnésia e coma. Os ovos levados ao coração produzem arteriolite e fibrose com aumento e falha do ventrículo direito (figura 2a).

Patologia e Imunologia
A coceira de nadador se deve ao dano físico à pele por proteases e outras substâncias tóxicas secretadas pela cercária. O hospedeiro desenvolve reação de hipersensibilidade tipo I e tipo IV às secreções do shistossoma e aos constituintes do ovo. As respostas imunes do hospedeiro, tanto humoral como mediada por células, têm revelado algum valor protetor. IgE e citotoxicidade mediada por eosinófilos têm sido sugeridas como um mecanismos de morte do verme adulto.

Diagnóstico
O diagnóstico é baseado na história de residência em uma área endêmica, coceira de nadador e outros sintomas. Os ovos são muito característicos e confirmam o diagnóstico. Ovos de S. hematobium na urina (medindo 55 a 65 por 110 a 170 micrômetros) têm um espículo. Ovos de S. mansoni nas fezes (medindo 45 a 70 por 115-175 micrômetros) têm um espinho lateral. Ovos de S. japonicum (medindo 55 a 65 por 70 a 100 micrômetros) são mais redondos com um vago espinho lateral.

Tratamento e controle
Praziquantel é eficiente contra todas as espécies. A água contaminada deve ser evitada. Medidas de contrôle incluem tratamento sanitário de esgôtos e destruição de caramujos. Não há vacina disponível.
 



 

  


schis-2.jpg (12334 bytes) schis3.jpg (16121 bytes)  Figura 1A
Schistosomas.
WHO
 

schis8.jpg (32837 bytes)  Figura 1B
Macho e fêmea de schistosomas. (Desenho de Sylvia Treadgold)
WHO
 

schis4.jpg (33905 bytes) Figura 1C
Esquistossomose intestinal: ovos nas paredes do intestino.
WHO
 

shaemegg.jpg (27039 bytes) Figura 1D
Ovo de Schistosoma haematobium
© Dr Peter Darben, Coleção de parasitologia clínica da Universidade de Tecnologia de Queensland. Usado com permissão
 

sch6.jpg (27779 bytes) sch7.jpg (44510 bytes) Figura 1E
Ovos de Schistosoma haematobium
(A). Nesta espécie os ovos são grandes e têm um espículo terminal na extremidade posterior. Comprimento 112-170 µm. Em (B), em aumento maior mostra o miracídio dentro do ovo.
CDC
 

shaemmal.jpg (21798 bytes) Figura 1F
Macho adulto de Schistosoma haematobium
© Dr Peter Darben, Coleção de parasitologia clínica da Universidade de Tecnologia de Queensland. Usado com permissão
 

schi-blad-darb.jpg (67790 bytes)  Figura 1G
Ovos de Schistosoma haematobium em seção de bexiga (H&E)
© Dr Peter Darben, Coleção de parasitologia clínica da Universidade de Tecnologia de Queensland. Usado com permissão
 

schi-jap-darb2.jpg (40511 bytes)  Figura 1H
Macho e fêmea adultos de Schistosoma japonicum em cópula
© Dr Peter Darben, Coleção de parasitologia clínica da Universidade de Tecnologia de Queensland. Usado com permissão
 

A sch4.jpg (15837 bytes) B sch5.jpg (24577 bytes) Figura 1I
Ovo de Schistosoma japonicum (A). O ovo é tipicamente oval ou subesférico, e tem um espículo vestigial, que é melhor visualizado em (B). Os ovos de Schistosoma japonicum são menores (68 - 100 µm por 45 - 80 µm) do que os de outras espécies.
CDC
 

sjapoegg.jpg (36486 bytes) Figura 1J
Ovo de Schistosoma japonicum
© Dr Peter Darben, Coleção de parasitologia clínica da Universidade de Tecnologia de Queensland. Usado com permissão
 

sjapomf.jpg (37998 bytes) Figura 1K
Macho e fêmea adultos de Schistosoma japonicum
© Dr Peter Darben, Coleção de parasitologia clínica da Universidade de Tecnologia de Queensland. Usado com permissão
 

schis-jap-darb.jpg (110332 bytes)   Figura 1L
Ovos de Schistosoma japonicum em seção de tecido (H&E)
© Dr Peter Darben, Coleção de parasitologia clínica da Universidade de Tecnologia de Queensland. Usado com permissão
 

A sch2.jpg (17248 bytes) B sch3.jpg (15867 bytes) Figura 1M
Ovos de Schistosoma mansoni em um paciente do Egito. Esses ovos são largos (medindo 114 - 180 µm) e têm uma forma característica, com uma espícula proeminente lateral próximo à extremidade posterior. A extremidade anterior é tapada e ligeiramente encurvada. Quando os ovos s~eo excretados, eles contém um miracídio maduro (visível especialmente em A).
CDC

 

smansmf.jpg (26014 bytes)  Figura 1N
Macho e fêmea adultos de Schistosoma mansoni
© Dr Peter Darben, Coleção de parasitologia clínica da Universidade de Tecnologia de Queensland. Usado com permissão
 

smanscop.jpg (21723 bytes) Figura 1O
Macho e fêmea adultos de Schistosoma mansoni em cópula
© Dr Peter Darben, Coleção de parasitologia clínica da Universidade de Tecnologia de Queensland. Usado com permissão
 

smansegg.jpg (73249 bytes) Figura 1P
Ovos de Schistosoma mansoni, inteiro e seccionado (H&E)
© Dr Peter Darben, Coleção de parasitologia clínica da Universidade de Tecnologia de Queensland. Usado com permissão
 

smansmir.jpg (26462 bytes) Figura 1Q
Miracídio de Schistosoma mansoni
© Dr Peter Darben, Coleção de parasitologia clínica da Universidade de Tecnologia de Queensland. Usado com permissão
 

smanssnl.jpg (60060 bytes) Figura 1R
Schistosoma mansoni em seção de tecido do caramujo (H&E)
© Dr Peter Darben, Coleção de parasitologia clínica da Universidade de Tecnologia de Queensland. Usado com permissão
 

smanscer.jpg (28651 bytes) Figura 1S
Cercária de Schistosoma mansoni  
©
Dr Peter Darben, Coleção de parasitologia clínica da Universidade de Tecnologia de Queensland. Usado com permissão
 
 
 
 

 


 
Figura 1T
Ciclo de vida dos schistosomas

Ovos são eliminados nas fezes ou urina  .  Sob condições optimas os ovos eclodem e liberam miracídios  , que nadam e penetram caramujos específicos que são hospedeiros intermediários  .  Os estágios no caramujo incluem 2 gerações de esporocistos  e a produção de cercárias  .  Com a liberação do caramujo, as cercárias infecciosas nadam, penetram na pele do hospedeiro humano  , e liberam suas caudas em forquilha, tornando-se esquistosomulas  .  As esquistosomulas migram através de vários tecidos e estágios para a sua residência nas veias ( ,  ).  Vermes adultos em humanos residem nas vênulas mesentéricas em vários locais, que às vezes parecem ser específicos de cada espécie  .  Por exemplo, S. japonicum é mais frequentemente encontrado nas veias mesentéricas superiores que drenam o intestino delgado  , em S. mansoni ocorre mais frequentemente nas veias mesentéricas superiores que drenam o intestino grosso  .  Entretanto, ambas espécies podem ocupar qualquer um desses locais., e elas são capazes de se moverem entre locais, de forma que não é possível afirmar sem erro que uma espécie ocorre em um local. S. haematobium muito frequentemente ocorre no plexo venoso da bexiga  , mas ele também pode ser encontrado nas vênulas retais. Os vermes-fêmeas (medem 7 a 20 mm; machos ligeiramente menores) depositam ovos nas pequenas vênulas dos sistemas porta e perivesical. Os ovos são movidos progressivamente em direção ao lúmen do intestino (S. mansoni e S. japonicum) e da bexiga e ureteres (S. haematobium), e são eliminados com as fezes ou urina, respectivamente  .  A patologia da esquistossomose por S. mansoni e S. japonicum inclui: febre Katayama, granulomas de ovos presinusoidais, fibrose periportal fibrose periportal (fibrose de symmers), hipertensão portal e ocasionais granulomas embólicos de ovos no cérebro ou na medula espinhal. A patologia da esquistossomose por S. haematobium inclui: hematúria, cicatriz, calcificação, carcinoma celular esquamoso e granulomas embólicos de ovos ocasionais no cérebro ou na medula espinhal.

O contato humano com a água é portanto necessário para a infecção por shistosomas. Vários animais, tais como cães, gatos, roedores, porcos, cavalos e caprinos, servem como reservatórios para o S. japonicum, e cães para o S. mekongi.

 

 

schis1.jpg (17082 bytes)  Figura 2A
O abdomen de um garoto de 11 anos com esquistossomose intestinal com o tamanho e extensão do fígado e baço marcados. Ambos estão muito abaixo da linha média, indicando a severidade da infecção. A doença impediu o crescimento do garoto, que tem apenas 1,20 m de altura e pesa 22 kg.
WHO/TDR/Crump
 

schis5.jpg (48580 bytes) Figura 2B
Dois garotos vítimas de esquistossomose mostrando a típica distensão do abdomen.
WHO
 

schis7.jpg (26686 bytes) Figura 2C
Um garoto de 13 anos com esquistossomose (bilharziase). Hepatoesplenomegalia, ascite, atrofia muscular, pirexia, anemia e hemorragia do trato gastrointestinal.
WHO/TDR/Vogel
 

 

 



 

FASCIOLOPSIS BUSKI (PARASITO INTESTINAL GIGANTE)

Epidemiologia
Este é um parasita da Ásia central e região sudeste.

Morfologia
O verme alongado oval mede 2 a 7 cm de comprimento e vive no intestino delgado do homem (figura 3).

Ciclo de vida
O homem é infectado pela ingestão de vegetais aquáticos contaminados com metacercárias, que encontram seu acesso para o intestino delgado, aderem-se à mucosa e maturam em 25 a 30 dias. Os ovos do verme são eliminados pelas fezes e eclodem na água doce produzindo miracídios, que precisam penetrar em um caramujo adequado dentro de algumas horas. O miracídio no caramujo se desenvolve em cercária e entra na água doce onde adere à superfície de plantas aquáticas (ciperáceas), e encista para se tornar metacercária (figura 4).

Sintomas
Dor epigástrica, náusea e diarréia são as queixas, especialmente pela manhã. Em infecções mais intensas ocorre edema generalizado e ascite.

Patologia
O verme adere à mucosa intestinal onde ocorrem inflamação, ulceração e abcessos.

Diagnóstico
O diagnóstico é baseado nos sintomas clínicos em áreas endêmicas. Os ovos nas fezes (75 a 100 por 130 a 150 micrômetros) fornecem o diagnóstico final.

Tratamento e controle
Praziquantel tem se mostrado eficiente. Ciperáceas de águas contaminadas devem ser evitadas. O esgôto deve ser tratado antes do descarte.
 

     

Figura 3A
Verme hepático, um parasita trematódeo hepático - helminto (Fasciola spp.) Bôca e faringe do verme hepático adulto. Humanos são infectados pela ingestão de vegetais aquáticos crus nos quais o estágio de metacercárea está encistado. As metacercaria de desencistam no duodeno e migram através da parede intestinal para a cavidade peritoneal. As larvas entram no fígado penetrando na cápsula e se movimentam pelo parênquima hepático por até 9 semanas. A maior parte dos danos é feito no parênquima pela irritação física e por sub-produtos metabólicos.
© Dennis Kunkel Microscopy, Inc. Usado com permissão
 

fasbus-1pd.jpg (61944 bytes) Figura 3B
Adulto de Fasciolopsis buski, corante carmim
© Dr Peter Darben, Coleção de parasitologia clínica da Universidade de Tecnologia de Queensland. Usado com permissão
 

fasc-busk2-db.jpg (65920 bytes) Figura 3C
Ovo de Fasciolopsis buski
© Dr Peter Darben, Coleção de parasitologia clínica da Universidade de Tecnologia de Queensland. Usado com permissão
 

    

 


 
Figura 4
 Ciclo de vida de Fasciolopsis buski

Os ovos imaturos são dispensados no intestino e nas fezes  .  Os ovos se tornam embrionados na água  , os ovos liberam miracídeos  , que invadem um caramujo adequado hospedeiro intermediário  .  No caramujo os parasitas realizam vários estágios de desenvolvimento (esporocistos  , rédeas  , e cercárias  ).  As cercárias são liberadas do caramujo   e encistam como metacercárias em plantas aquáticas  .  Os hospedeiros mamíferos se tornam infectados pela ingestão de metacercárias em plantas aquáticas. Após a ingestão, as metacercárias desencistam no duodeno   e se aderem à parede intestinal. Aí elas se desenvolvem em vermes adultos (20 a 75 mm por 8 a 20 mm) em aproximadamente 3 meses, aderidos à parede intestinal dos hospedeiros mamíferos (humanos e porcos)  .  Os adultos têm uma vida com duração de cerca de um ano.
CDC

 


 

 


 

VERMES HEPÁTICOS

Epidemiologia
Fasciola hepatica, Opisthorchis (anteriormente chamada Chlonorchis) sinensis, O. felineus e O. viverini afetam humanos em várias partes do mundo. F. hepatica é distriguída no mundo inteiro e á um parasita de animais de pasto ( carneiros e bovinos) e homem. O. sinensis é um parasita de homens, cães e gatos espalhado no mundo inteiro e no sudeste da Ásia. É extraordinariamente comum na China e também encontrado na Coréia e Japão. Espécio relacionadas a Opisthorchis parasitando gatos Europeus (Opisthorchis felinus) e cãos do Sudeste Asiático (O. viverini) infectam humanos em áreas endêmicas. Casos de vermes hepáticos são raros nos Estados Unidos, embora caramujos com F. hepatica estejam presentes nas porções orientais e meridionaos dos Estados Unidos.

FASCIOLA HEPATICA

Morfologia
F. hepatica tem a forma de folha e mede aproximadamente 1 x 3 cm. Os ovos medem 80 x 150 µm.

Ciclo de vida
Humanos são infectados pelo consumo de agrião impropriamente cozido que abriga metacercarídeos larvais encistados. A forma larval penetra nas paredes duodenais e migra para a cavidade peritoneal, penetra a cápsula hepática e migra para o ducto biliar onde matura. O adulto elimina seus ovos nas fezes que eclodem na água para produzir miracídeos. Os miracídios precisam encontrar um caramujo apropriado para continuar o ciclo de vida. No caramujo, o miracídeo se divide e produz cercárias, que saem do caramujo e encistam como metacercarídeas aderidas às folhas do agrião.

Sintomas
A passagem da larva através do fígado produz dor e hepatomegalia. A infecção resulta em dor do quadrante superior, calafrios e febre com eosinofilia. As secreções tóxicas causam hepatite. A presença do verme no ducto biliar causa irritação resultando em hiperplasia do epitélio e obstrução biliar. Vermes adultos podem invador o fígado e causar focos necróticos (cirrose hepática).

Diagnóstico
O diagnóstico é baseado nos sintomas e na história. Os ovos nas fezes são indistinguíveis dos da F. buski.

Tatamento
Ao contrário do F. buski, F. hepatica não responde ao Praziquantel. Entretanto, o Triclabendazol é eficiente.


OPISTHORCHIS SINENSIS, O. FELINEUS E O. VIVERINI

Morfologia

São fusiformes medindo cerca de 16x4 mm. Os ovos medem 29 x 16 µm.

Ciclo de vida
O homem é infectado ao se alimentar de peixe cru ou impropriamente cozido que carrega a metacercária infecciosa em um cisto. O cisto é digerido e a forma larval migra para o ducto biliar e o fígado onde matura em um adulto. Os ovos depositados no ducto biliar passam para as fezes e encontram seu caminho para a água doce. Com a ingestão por um caramujo operculado de água doce, os ovos eclodem para produzir um miradídio. O miracídio no caramujo se desenvolve em cercária, que se abre na água para penetrar nas escamas do peixe. No peixe, a cercária encista no músculo e forma a metacercária, que é infecciosa para o homem.

Sintomas
O verme causa irritação nos ductos biliares, que se tornam dilatados e desviados. O fígado pode aumentar de tamanho (hepatomegalia), e o fígado necrótico e dolorido pode parar de funcionar. Infecções modestas resultam em indigestão, desconforto epigástrico, fraqueza e perda de peso. Infecções intensas produzem anemia, hepatomegalia, leve icterícia, edema, ascite e diarréia.

Diagnóstico
O diagnóstico é baseado nos sintomas e presença de infecções endêmicas na área. O diagnóstico definitivo é dependente do achado de ovos característicos nas fezes ou drenados biliares.

Tratamento e controle
Praziquantel tem sido demonstrado de valor. Peixes devem ser bem cozidos antes de consumí-los. Esgôtos devem ser tratados antes do descarte.
 

 

    

clon3-pd.jpg (25330 bytes) Figura 5A
Ovos de Clonorchis sinensis
© Dr Peter Darben, Coleção de parasitologia clínica da Universidade de Tecnologia de Queensland. Usado com permissão
 

clon2-pd.jpg (25129 bytes) Figura 5B
Adulto de Clonorchis sinensis coloração pelo carmim e hematoxilina
© Dr Peter Darben, Coleção de parasitologia clínica da Universidade de Tecnologia de Queensland. Usado com permissão
 

clon4-pd.jpg (85837 bytes) Figura 5C
Adultos de Clonorchis sinensis em seção do fígado (H&E)
© Dr Peter Darben, Coleção de parasitologia clínica da Universidade de Tecnologia de Queensland. Usado com permissão

 

   

  Figura 6
Ovos embrionados são eliminados nos ductos biliares e nas fezes  .  Ovos são ingeridos por um caramujo adequado hospedeiro intermediário  ; há mais de 100 espécies de caramujos que podem servir como hospedeiros intermediários. Cada ovo libera um miracídio  , que passa por vários estágios de desenvolvimento (esporocistos  , redeas  , e cercárias  ).  As cercárias são liberadas do caramujo e após um curto período de nado na água, elas entram em contato e penetram na carne de um peixe de água doce, onde elas encistam como metacercárias  .  A infecção de humanos ocorre pela ingestão de peixe de água doce mal cozido, salgado, em picles ou defumado  .  Após a ingestão as metacercárias desencistam no duodeno   e ascendem ao trato biliar através da ampola de Vater  .  A maturação dura aproximadamente 1 mês. Os adultos (medindo 10 a 25 mm por 3 a 5 mm) residem em ductos de pequeno e médio tamanho. Além do homem, animais carnívoros podem servir de hospedeiros reservatórios.

 

 

 



 

PARAGONIMUS WESTERMANI (LUNG FLUKE)

Epidemiology
Vermes do pulmão são os mais comumente encontrados em partes da Ásia, África e América do Sul.

Morfologia
O verme é grosseiro oval marrom avermelhado medindo 10 por 4 mm. O ovo mede 85 por 55 micrômetros (figura 7).

Ciclo de vida
O verme pulmonar infecta o homem (e carnívoros domésticos) quando carne de caranguejo infestada com metacercária encistada é consumida. A metacercária atinge o intestino delgado, sai da concha e perfura para achar seu caminho como vermes jovens, através da parede intestinal, pelo diafragma torácico e penetra o pulmão. Neste local eles se tornam enclausurados em cistos de 1 a 2 cm e atingem a maturidade. Os ovos são encontrados no escarro ou, se deglutidos, nas fezes, 2 a 3 meses após a infecção. Os ovos, quando introduzidos na água doce produzem um miracideo que penetra no caramujo adequado. No caramujo eles se desenvolvem em cercárias, que quebram na água e penetram nas guelras, músculo ou vísceras de caranguejos de água doce e se tornam encistados na carne como metacercárias (figura 8).

Sintomas
O verme provoca o desenvolvimento de uma cápsula de tecido fibroso com material sanguinolento e purulento contendo ovos. Há um infiltrado inflamatório ao redor da cápsula. Os sintomas incluem tosse sêca, seguida de produção de escarro marrom-ferrugem sanguinolento. Podem se desenvolver dor pulmonar e pleurisia. Os vermes podem migrar para o cérebro onde depositam ovos e causam um abcesso granulomatoso resultando em sintomas similares à epilepsia.

Diagnostico
O diagnóstico é baseado na história e sintomas. Os ovos são encontrados em escarro de cor ferrugem, que é frequentemente examinado para tuberculose.

Tratamento e controle
Praziquantel tomado oralmente é muito eficiente. O cozimento adequado de crustáceos é uma medida preventiva. Melhoria das condições sanitárias diminuem a taxa de infecção em áreas endêmicas.
 

     

papa1-pd.jpg (27068 bytes) Figura 7A
Ovo de Paragonimus westermani
© Dr Peter Darben, Coleção de parasitologia clínica da Universidade de Tecnologia de Queensland. Usado com permissão
 

papa2-pd.jpg (27384 bytes) Figura 7B
Adulto de Paragonimus westermani, coloração por carmim
© Dr Peter Darben, Coleção de parasitologia clínica da Universidade de Tecnologia de Queensland. Usado com permissão
 

papa4-pd.jpg (50212 bytes) Figura 7C
Adulto de Paragonimus westermani em seção de pulmão (H&E)
© Dr Peter Darben, Coleção de parasitologia clínica da Universidade de Tecnologia de Queensland. Usado com permissão
 

    


 
Figura 8
Ciclo de vida do Paragonimus westermani (Verme do pulmão)
Os ovos são excretados não embrionados no escarro, ou alternativamente eles são deglutidos e eliminados com as fezes
 .  No ambiente externo, os ovos se tornam embrionados  , e o miracídeo eclode e procura por seu primeiro hospedeiro intermediário, um caramujo, e penetra nos seus tecidos moles  .  O miracídio passa por vários estágios de desenvolvimento no interior do caramujo  : esporocistos  , redeas  , e o último gera muitas cercárias  , que emergem do caramujo. As cercárias invadem o segundo hospedeiro intermediário, um crustáceo tal como o caranguejo ou camarão de água doce, onde se encistam e se tornam metacercárias. Este é o estágio infeccioso para o hospedeiro mamífero  .  A infecção humana pelo P. westermani ocorre pela alimentação com caranguejo ou camarão cozidos inadequadamente ou em pickles que carregam as metacercárias do parasita  .  As metacercárias desencistam no duodeno  , penetram através da parede intestinal para a cavidade peritoneal, daí através da parede abdominal e diafragma para os pulmões, onde se tornam encapsuladas e se desenvolvem em adultos  (7.5 a 12 mm por 4 a 6 mm).  Os vermes podem também atingir outros órgãos e tecidos, tais como o cérebro e músculos estriados, respectivamente. Entretanto, quando isso acontece o ciclo não é completo, pois os ovos depositados não podem sair desses locais. O período compreendido desde a infecção e a ovoposição é de 65 a 90 dias. A infecção persiste por 20 anos em humanos. Animais como porcos, cães e uma variedade de espécies de felinos também podem ser portadores do P. westermani.

 


 

 

 

 

SummarySummário

Organismo

Transmissão

Sintomas

Diagnóstico

Tratamento

S. mansoni
S. japonicum

Penetração da pele por cercária

Dermatite, dor abdominal, fezes sanguinolentas, fibrose peri-portal, hepato-esplenomegalia, ascite, CNS Ovos nas fezes Praziquantel
Schistosoma hematobium Penetração da pele por cercária Dermatite, cistite urogenital, uretrite e carcinoma de bexiga Ovos na urina Praziquantel
Fasciolopsis buski Metacercaria em vegetais aquáticos Dor epigástrica, náusea, diarréia, edema, ascite Ovos nas fezes Praziquantel,

C. sinensis
O. felinus
O. viverini

Cistos no peixe Inflamação e deformação do ducto biliar, hepatite, anemia e edema Ovos nas fezes Praziquantel

Paragonimus westermani

Cyst in crab meat

Tosse (seca / escarro marrom-ferrugem), dor pulmonar, pleurisia, tipo-tuberculose

Ovos no escarro

Praziquantel

 

 

 

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