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DOENÇAS INFECCIOSAS BACTERIOLOGIA IMUNOLOGIA MICOLOGIA PARASITOLOGIA VIROLOGIA

EM INGLÊS

 

PARASITOLOGIA - CAPÍTULO SETE  

PARTE UM

ARTRÓPODOS  

Dr Richard Hunt
Professor Emérito
Escola de Medicina da Universidade da Carolina do Sul

Dr Abdul Ghaffar
Professor Emérito
Escola de Medicina da Universidade da Carolina do Sul

Tradução:
PhD. Myres Hopkins

 

 

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Todos os ciclos de vida nesta seção são cortesia da  Biblioteca de Imagens de Parasitas do DPDx
Centros para Controle de Doenças (CDC)

PARTE UM
ARTRÓPODOS
PARTE DOIS
CARRAPATOS

Numerosas espécies de artrópodes têm papel em doença humana. A maioria destes são vetores de patógenos diferentes e, em outras partes deste texto, lidamos com tais vetores. Há também uma quantidade de artrópodos que causam doenças para o homem. Por exemplo, a miíase (enterramento de larvas em tecido) é uma etapa obrigatória no ciclo de vida de algumas moscas e é ocasional para outras. Espécies que causam miíase nas Américas são Cochliomyia (Conhecidas em Inglês como 'screw worm fly'), Calliphora, Oestrus, Sarcophaga, Gastrophilus, etc. Miíase pode ser cutânea, arterial, intestinal ou urinária em tecidos normais, ou em feridas pré-existentes, algumas das quais podem resultar de outras infecções. As larvas podem se enterrar em tecidos necróticos ou saudáveis usando seus ganchos mandibulares auxiliados por enzimas proteolíticas. Elas podem causar danos mecânicos e a área afetada pode ser o local para uma infecção secundária. A miíase cutânea pode requerer remoção cirúrgica das larvas enterradas. Ovos e larvas devem ser eliminados do couro cabeludo, pele e feridas pela lavagem com água e sabão. A miíase urinária normalmente se cura sozinha. A purgação com anti-helmínticos pode ser necessária para a miíase gastrointestinal.

PIOLHOS

Três tipos de piolhos sugadores são importantes em saúde humana: Pediculus humanus capitis (piolhos da cabeça), P. humanus humanus (piolho do corpo) e Pthirus pubis (piolho da pubis). Os piolhos passam toda a sua vida em um hospedeiro muito específico e machos e fêmeas se alimentam do sangue, e deixam um hospedeiro apenas para se transferir para outro (figura 1 e 2.).

Piolhos da Cabeça
No mundo desenvolvido, 2 a 10% das crianças são infestadas por piolhos da cabeça. Infestações leves provocam coceira moderada do couro cabeludo devido à sensibilização pela saliva do piolho. Infestações intensas podem resultar em febre, dorea e infecções secundárias. O diagnóstico é baseado o achado de piolhos vivos ou de cascas de ovos vazias (lêndeas medindo 0.8 x 0.3 mm) fixadas ao cabelo, frequentemente atrás das orelhas. A aplicação tópica de loções suavizantes alivia a irritação. Os cabelos devem ser lavados com shampoo contendo hexaclorobenzeno 1% (Kwell). A aplicação de uma mistura de piretrinas (0,2%) e butóxido de piperonila (2%) ou oleato cúprico pode ser eficaz e menos tóxico que o hexaclorobenzeno.
 

 

    


 
Figura 1 
Ciclo de Vida do Piolho da Cabeça

O ciclo de vida do piolho da cabeça tem três estágios: ovo, ninfa e adulto.
Ovos: Lêndeas são ovos de piolhos da cabeça. Eles são difíceis de serem vistos e frequentemente são confundidos com caspa ou partículas de laquê. As lêndeas são postas pela fêmea adulta e são cementadas na base do fio capilar próximo ao couro cabeludo
 .  Elas medem 0,8 mm por 0,3 mm, são ovais e normalmente amarelo-esbranquiçadas. As lêndeas levam cerca de 1 semana para eclodirem (variando de 6 a 9 dias). Os ovos viáveis são normalmente localizados em até 6 mm de distância do couro cabeludo.
Ninfas: Os ovos eclodem para liberar uma ninfa
 .  A lêndea se envolve pela casca e se torna então um ponto amarelado mais visível que permanece ligada ao fio capilar. A ninfa parece com o piolho adulto, mas é do tamanho de uma cabeça de alfinete de metal. As ninfas maturam após três mudas ( ,  ) e se tornam adultos cerca de 7 dias após a eclosão.
Adultos: O piolho adulto tem quase o mesmo tamanho de uma semente de gergelim, tem 6 pernas (com garras em cada uma), e são de cor bronze a cinza-clara
 .  Em pessoas de cabelos escuros, o piolho adulto aparece mais escuro. As fêmeas são normalmente maiores que os machos e podem por até 8 lêndeas por dia. O piolho adulto vive até 30 dias em uma pessoa morta. Para sobreviver, o piolho adulto precisa se alimentar de sangue várias vezes ao dia. Sem a alimnentação com sangue, o piolho morre dentro de 1 a 2 dias fora do hospedeiro.

 

Figura 2      

lice2.jpg (31572 bytes)  
A. Piolho da cabeça: Lêndea
Lêndeas são ovos de piolhos da cabeça. Eles são difíceis de ser vistos e são frequentemente confundidos com caspa ou partículas de spray para cabelo. Lêndeas são postas pela fêmea adulta e são cementadas na base do fio de cabelo próximo ao couro cabeludo. Elas medem 0.8 mm por 0.3 mm, são ovais e normalmente amarelo esbranquiçadas. As lêndeas levam cerca de 1 semana para eclodirem (variando de 6 a 9 dias). Ovos viáveis são normalmente localizados até 6 mm de distância do couro cabeludo.
CDC
 

 

lice3.jpg (25863 bytes)  
B. Piolho da Cabeça: Ninfa eclodindo através do opérculo de um ovo. O ovo eclode liberando uma ninfa. A carcaça da lêndea se torna então um ponto amarelo mais visível e permanece aderida ao fio capilar. A ninfa parece um piolho de cabeça adulto, mas tem quase o tamanho de uma cabeça de alfinete de metal. A ninfa matura após três mudas e se torna adulta cerca de 7 dias após a eclosão.
CDC

lice4.jpg (76813 bytes)  
C. Piolho da Cabeça: Piolho adulto e duas ninfas. O piolho adulto tem quase o tamanho de uma semente de gergelim, tem 6 pernas (cada uma com garra), e é de cor bronze a cinza-clara. Em pessoas com cabelos escuros, o piolho adulto aparenta ser mais escuro. Fêmeas põem até 8 lêndeas por dua. As fêmeas são normalmente maiores do que os machos.
CDC

pcapiaeg.jpg (45445 bytes) 
D. Adultos e ovo (lêndea) de D. Pediculis humanus var. capitis em fio de cabelo 
© PeterDarben, usado com permissão

 

 
lice5.jpg (63750 bytes)  
E. Piolho de cabeça fêmea, Pediculus humanus var capitis 
CDC/Dr. Dennis D. Juranek ddj1@cdc.gov 

   
F. Piolho de Cabeça em Cabelo Humano - Pediculus humanus capitis (SEM x55)
© Dennis Kunkel Microscopy, Inc. Usado com permissão

   
G. Piolho de Cabeça em Cabelo Humano - Pediculus humanus capitis (SEM x55)
© Dennis Kunkel Microscopy, Inc. Usado com permissão

   
H. Casca de Ovo de Piolho de Cabeça em Cabelo Humano, Pediculus humanus capitis. (SEM x130)
© Dennis Kunkel Microscopy, Inc. Usado com permissão
 

 


 

Piolho do Corpo
O piolho do corpo é semelhante ao piolho da cabeça, exceto pelo fato de serem encontrados no corpo e nas costuras de roupas. Os sintomas e tratamento são os mesmos do piolho da cabeça.
 

 

 
Piolho do Pubis
O piolho do pubis (figura 3), também conhecido como  chato, infesta cabelos duros e amplamente esparsos na área pubiana em adultos ou nos cílios dos olhos de crianças. A transmissão em adultos é normalmente pelo contato sexual. O diagnóstico é baseado no achado de piolhos ou
lêndeas na área infestada; chatos podem ser difíceis de serem vistos na base do pelo. A área pubiana é tratada da mesma maneira que a da cabeça infestada. Lêndeas e piolhos podem ser removidos dos cílios com pinças. Unguentos com fisostigmina (0.25%) ou óxido de mercúrio amarelo são eficazes.

 

Figura 3

 
A. Este paciente apresentou-se com uma infestação por Phthirus pubis, ou piolho-da-púbis ou 'chatos' (ver setas). A infestação pelo Phthirus pubis causou as lesões eritematosas vistas na região púbica deste paciente em resposta às picadas dos artrópodos 'piolhos-caranguejos'
CDC/Joe Miller

  B. Piolho do Púbis - Phthirus pubis (SEM x110)
© Dennis Kunkel Microscopy, Inc. Usado com permissão

   C. Piolho do Púbis, Pthirus pubis (SEM x130)
© Dennis Kunkel Microscopy, Inc. Usado com permissão

 ppubiadt.jpg (22072 bytes)  D. Piolho do Púbis, Phthirus pubis adult
© PeterDarben, Usado com permissão

    F. Phthiriasis pubis (Pubic lice) on eyelids
© Bristol Biomedical Image Archive. Usado com permissão
 

    

 


 

PULGAS

A maioria das pulgas (figura 4) têm importância clínica para o homem porque elas são vetores para outros parasitas. Entretanto, a fêmea de Tunga penetrans é uma peste muito séria em regiões tropicais e subtropicais das Américas e da África. O diagnóstico de tungíase é raro na América do Norte. Um estudo epidemiológico em uma cidade de pesca tradicional do Estado do Ceará, Nordeste do Brasil relata que cerca de 51% da população estava infestada.

Ambos os sexos se alimentam de sangue. A pulga fêmea, após a inseminação, se enterra na pele dos dedos e da sola do pé. A fêmea incha até o tamanho de uma ervilha, produz ovos e morre no tecido. Há uma reação local à picada e aos ovos e a pulga morta produz reação. O tecido infestado pode se infectar e se tornar gangrenoso; a auto-amputação não é incomum. Os tratamentos são sintomáticos: a infestação pode ser removida físicamente; infecções secundárias são tratadas adequadamente. Devem ser usados sapatos em regiões infestadas.
 

Outros nomes para a Tunga penetrans

 

 Figura 4  

flea1.jpg (24558 bytes)  
A. Uma Eletromicrografia de Escaneamento de uma Pulga.
CDC/Janice Carr

sifo13cc.jpg (60048 bytes) 
B. A fêmea de Tunga grávida se incorpora na pele sob as unhas dos pés e das mãos do homem - onde as feridas resultantes se enchem de pus e se tornam infectadas.
© Marcelo de Campos Pereira, PhD, University of Sao Paulo. Usado com permissão

sifo7.jpg (104245 bytes) 
C. A Tunga penetrans é conhecida como bicho-de-pé. A cabeça é angular, não possuem pente de espinhos e os segmentos torácicos são estreitos no topo. A fêmea se alimenta se enterrando na pele do seu hospedeiro. O abdomem aumenta enormemente entre o segundo e terceiro segmentos de forma que a pulga forma um saco redondo com a forma de uma ervilha
© Marcelo de Campos Pereira, PhD, Universidade de São Paulo. Usado com permissão

tunga01.jpg (16591 bytes)
D. Tungíase em um cão. Tunga penetrans pode também impor problemas significativos em cães, mas a infestação tende a ser esporádica, geograficamente isolada ou relacionada a circunstâncias ambientais especiais. A fêmea de Tunga grávida adere firmemente ao cão, sendo áreas normais os espaços interdigitais, sob as almofadas das patas e o escrôto. A presença de uma quantidade de adultos de T.penetrans nas patas pode incapacitá-lo e a lesão na pele pode facilitar a entrada de outros patógenos levando a infecção e ulceração
© Marcelo de Campos Pereira, PhD, University of Sao Paulo. Usado com permissão


 

    

 

 

 

CARRAPATOS

A sarna do carrapato (Sarcoptes scabei) (figura 5) é a causa de escabiose e está distribuída no mundo inteiro. A epidemia da doença pode ocorrer por longos períodos, mas os carrapatos podem ser comumente encontrados em todas as épocas em comunidades muito pobres, com estrutura de higiene inadequada. O carrapato transmitido pelo contato se enterra na pele na face lateral dos dedos, se espalhando posteriormente pela superfície anterior dos pulsos, cotovelos e pelo resto do corpo (figura 6 e 7). As nádegas, seios das mulheres e genitália externa podem estar envolvidas. O carrapato faz um túnel através da camada superior da pele depositando ovos. As larvas escapam do túnel e perambulam pela pele até se enterrarem e maturarem aí, continuando assim o ciclo. A coceira produzida pelo carrapato se deve à sensibilização do paciente pelo inseto e ovos, e é característicamente noturna. As pústulas sépticas podem se desenvolver após o ato de coçar, se a higiene é deficiente. O diagnóstico é feito pela pápula característica e pela mancha de tinta preta na pele, e pela observação de insetos enterrados quando a tinta sai. O exame microscópico de um esfregaço de pele mostra os insetos. O tratamento envolve espalhar no corpo inteiro do pescoço ao pé malathion 1% ou hexaclorobenzeno (crotamiton para crianças). Esteróides tópicos não devem ser usados. Se possível, a família inteira deve ser tratada. O contato com uma pessoa infestada deve ser evitado. As roupas devem ser lavadas em água quente.
 

 

Figura 5     

mite1.jpg (37383 bytes)  
A. Ácaro Sarcoptes scabei. As fêmeas medem 0,3 a 0,4 mm de comprimento e 0,25 a 0,35 mm de largura. Os machos medem pouco mais da metade deste tamanho. CDC 


scabies03.jpg (502537 bytes)  B. Visualização ao microscópio do Sarcoptes scabiei © Bristol Biomedical Image Archive. Usado com permissão

sscabads.jpg (49297 bytes) C. Adulto de Sarcoptes scabei inteiro e em secção de pele (H&E) © PeterDarben, Usado com permissão
 

Figura 6     


Ciclo de vida do germe da sarna (Sarcoptes scabei)
Sarcoptes scabei
passa por quatro estágios no seu ciclo de vida; ovo, larva, ninfa e adulto.  As mêmeas depositam ovos com  2 a 3 dias de intervalo, à medida que se enterram na pele  .  Os ovos são ovais e medem 0,1 a 0,15 mm de comprimento   e o período de incubação é de 3 a 8 dias. Após a eclosão dos ovos, as larvas migram para a superfície da pele e se enterram em um estrato córneo intato para construir pequenos espaços sob a pele chamados bolsas de muda. Os estágios larvais que emergem dos ovos têm apenas 3 pares de pernas  , e esta forma dura 2 a 3 dias. Após a muda das larvas, as ninfas resultantes têm 4 pares de pernas  .  Esta forma muda para ninfas pouco maiores antes da muda para adultos. Larvas e ninfas podem ser frequentemente encontradas em bolsas de muda ou nos folículos pilosos e se assemelham aos adultos, sendo que são menores. Os adultos insetos redondos em forma de saco sem olhos. As fêmeas medem 0,3 a 0,4 mm de comprimento e 0,25 a 0,35 mm de largura, e machos são pouco maiores que a metade desse tamanho.  O acasalamento ocorre após o macho nômade penetrar na bolsa de muda da fêmea adulta  .  Fêmeas grávidas estentem seus bolsos de muda mudando-os para cavidades em forma em serpentina, e põem ovos no processo. As fêmeas grávidas se enterram na pele e passam os 2 meses restantes de suas vidas em túneis sob a superfície da pele. Os machos são raramente vistos. Eles fazem um aglomerado temporário na pele antes do acasalamento.
A transmissão ocorre pela transferência de fêmeas ovadas durante o contato pessoal. O modo de transmissão é principalmente pessoa a pessoa, mas a transmissão pode também ocorrer via fômitos (ex., roupas pessoais e de cama). Os carrapatos podem ser encontrados predominantemente entre os dedos e nos pulsos. Os carrapatos se prendem à pele usando sugadores presentes nos dois pares de pernas mais anteriores.

 

Figura 7     

mite.jpg (399398 bytes) 
A. Braço de uma criança exibindo eritema papular devido a escabiose causada pelo Sarcoptes scabiei
© Arquivo de Imagem da Bristol Biomedical. Usado com permissão.

 

 

mite2.jpg (89211 bytes)  B. Lesões escabióticas são causadas pelo Sarcoptes scabei que se enterra na pele. Uma localização típica é nas mãos, especialmente nas faces laterais entre os dedos, como visto nesta imagem.
CDC

mite3.jpg (91270 bytes)  C. Vista em secção transversa das cavidades criadas no epitélio pelo Sarcoptes scabei.
CDC

 scarc-darb.jpg (49297 bytes) D. Sarcoptes scabei adulto, inteiro e em corte de pele (H&E)
© Dr Peter Darben, Coleção de parasitologia clínica da Universidade de Tecnologia de Queensland. Usado com permissão
 

Figura 8A
24h após picada pela larva do ácaro gênero Trombicula, este paciente apresentou uma mancha vermelha ou bolha no local da picada.
Estes ácaros bichos-do-pé podem causar coceira intensa e pontos vermelhos na pele, mas não são conhecidos como transmissores de doenças infecciosas nos EUA. Entretanto, em alguns países asiáticos eles são vetores da tifo-do-carrapato ou febre maculosa, ou ainda febre do carrapato.
CDC/M. A. Parsons


Figura 8B
Ácaro trombiculídeo (adulto) tamanho natural ~ 0,19 mm. Clemson Universidade da Carolina do Sul

Figura 8C
Ácaro trombiculídeo
© Dennis Kunkel Microscopy
 


 

TROMBICULÍDEOS

Trombiculídeos (as larvas de carrapatos vermelhos ou ácaros da colheita - figura 8) (Trombiculidae) são um grupo importante de ectoparasitas que afetam humanos. Eles se ligam à pele nos tornozelos, cintura, axilas e área perianal após o hospedeiro caminhar em ambientes de capim. Contrariamente à crença popular, as larvas desses insetos não se alimentam de sangue e não se enterram na pele. Elas perfuram próximo ao folículo piloso e se alimentam de células epiteliais parcialmente digeridas usando enzimas da saliva do inseto. Daí eles caem saindo do hospedeiro. O hospedeiro reage contra as peças do aparelho bucal e saliva do ácaro, entretanto, e após algumas horas aparece uma pápula eritematosa (figura 8) que é altamente pruriginosa. A intensidade da erupção depende da sensibilidade do hospedeiro, e pode ser acompanhada de febre.

O tratamento com um anestésico local é útil. Repelentes de insetos (DEET) podem ser eficazes por evitar a picada.

No Sul da Ásia as larvas são vetores do Tifo do mato (Orientia tsutsugamushi), uma doença ricketsiana que pode (raramente) apresentar risco de vida.
 

Veja também Bacteriologia Capítulo 21: Rickettsia

Figura 9A.
Primeira larva de Cuterebra, a mosca do cavalo que causa berne em uma variedade de mamíferos, mas normalmente não infecta humanos.
CDC/Dr. George Healy
 

Figura 9B
Picada de mosquito com lesão aberta resultante de infecção por môsca berneira ou varejeira.


Figura 9C
A lavra da mosca varejeira pode ser vista na lesão superior à esquerda.


Figura 9D
A mosca varejeira removida após aplicação de vaselina por 24 horas.
 

MOSCA VAREJEIRA E MOSCA TUMBU - Miíase (bicheira)

Miíase é o parasitismo de um hospedeiro vertebrado pela larva de uma mosca (díptero). Isto ocorre frequentemente em animais domésticos e selvagens e, portanto, é importante em medicina veterinária. Casos humanos são raros, mas ocorrem especialmente em países tropicais. Nos Estados Unidos, os agentes mais comuns da miíase são a Dermatobia hominis (mosca verejeira, berne) e Cordylobia anthropophaga (mosca tumbu). A primeira ocorre na América Central (especialmente no México e Belize), na América do Sul e em algumas ilhas do Caribe, tais como Trinidad, enquanto que a última ocorrre na África tropical. As larvas de ambas as moscas são parasitas obrigatórios de mamíferos.

A mosca varejeira que afeta humanos tem um ciclo de vida muito interessante. A mosca fêmea captura um mosquito e deposita ovos no seu abdomem. Quando o mosquito liberado faz um repasto no sangue (normalmente na face, couro cabeludo ou extremidades), o calor do corpo do mamífero provoca a eclosão dos ovos dando origem à larva de primeiro instar, que cai na pele do hospedeiro. A larva entra na pele pelo orifício feito pelo mosquito, ou penetra ativamente na pele onde passa a residir no tecido subcutâneo. Neste local a larva matura através do segundo e terceiro instares por um período de um ou dois meses. As larvas são difíceis de serem removidas devido aos ganchos voltados para trás (figura 9A). Quando maturam as larvas emergem e caem no chão, onde empupam para formar uma mosca adulta e assim o ciclo se repete. A mosca adulta vive apenas alguns dias e não se alimenta.

O sintoma inicial da presença da larva de uma mosca varejeira é um nódulo curâneo que contém uma larva (embora isto não seja inicialmente visível). O nódulo é frequentemente chamado em inglês de warble ou furúnculo, e a miíase é frequentemente referida como doença furunculóide. Diferentemente da ferida pela perfuração por um mosquito, o nódulo infectado elimina sangue ou soro continuamente porque a larva precisa manter a ferida aberta para respirar. Ocorre prurido com frequência e às vezes fisgadas periódicas intensas que ocorrem quando a larva se move ou matura para o seguinte instar. À medida que a larva cresce, o movimento pode ser visto frequentemente debaixo da superfície da efusão soro-sanguinolenta. Pode ocorrer também linfoadenopatia local e febre, além de mal estar se uma infecção secundária se desenvolver.

O tratamento exige a remoção da larva, embora alguns pacientes preferem permitir a larva se desenvolver e emergir naturalmente. No caso do Dermatobia hominis, o calcanhar de Aquiles é o que a larva precisa para respirar através da ferida aberta. O bloqueio à fonte de oxigênio do parasita é quase sempre feito pela aplicação de uma grossa camada (de pelo menos 5 mm) de Vaselina, embora esmalte de unia, fita adesiva e até mesmo bacon tenham sido descritos como usados. Devido à falta de oxigênio, a larva irá normalmente emergir e o restante dela pode ser puchado com pinça. A cirurgia não é normalmente necessária, a menos que a larva morra no local e não possa ser removida.

A mosca tumbu (Cordylobia anthropophaga) é encontrada na África sub-saariana e causa uma miíase furuncular semelhante à da larva da varejeira (figura 10). O paciente entra em contato com ovos no chão ou depositados em roupas. Após eclodirem, a larva se enterra na pele. Os ovos são mortos ao passar as roupas a ferro, mas para muitas pessoas isso não é prático.
 

VÍDEO PARA BAIXAR
Remoção de uma larva de mosca varejeira do couro cabeludo no Hospital de Medicina Tropical de Londres

Caso do Mês em Doenças Infecciosas

Figura 9 E
Dermatobia hominis (Mosca varejeira) Vista frontal.
A varejeira é uma mosca cor de garrafa azul, com cabeça e pernas amarelo-alaranjadas. O tórax é azul escuro com uma fluorescência acinzentada; o abdomem é pequeno e amplo e tem uma cor azul brilhante. Os adultos têm aparelho bucal atrofiado e não se alimentam, utilizando ao invés disso as reservas alimentares acumuladas durante o estágio larval.
© Marcelo de Campos Pereira, PhD, Universade de São Paulo. Usado com permissão


Figura 9F
Dermatobia hominis Vista lateral de uma fêmea
© Marcelo de Campos Pereira, PhD, Universade de São Paulo. Usado com permissão


Figura 9G
Ovos de Dermatobia hominis
Os ovos estão grudados no abdomem de um mosquito carreador. Quando a fêmea de Dermatobia está pronta para desovar, ela captura outro inseto - normalmente uma mosca - e gruda seus ovos no abdomem do inseto capturado. © Marcelo de Campos Pereira, PhD, Universade de São Paulo. Usado com permissão
 

Figura 9H
Pupa de Dermatobia hominis
A maioria das larvs maduras caem durante as primeiras horas da manhã. Elas se enterram nas camadas superiores do solo ou detritos durante cerca de 20 min e formam um pupário endurecido em 2 a 3 dias.
© Marcelo de Campos Pereira, PhD, Universade de São Paulo. Usado com permissão
 

Figura 10A
Lesão furunculóide do seio com cavidades múltiplas contendo larvas da mosca Tumbu.
© 2004 Adisa e Mbanaso; licenciados do BioMed Central Ltd. Este é um artigo de Livre Acesso: a cópia literal e redistribuição deste artigo é permitida em todas as medias para qualquer propósito, contanto que este aviso seja preservado juntamente com o link para a página de internet (URL) do artigo original em:
http://www.biomedcentral.com/1471-2482/4/5

Figura 10B
Larvas d mosca Tumbu após remoção do paciente  
© 2004 Adisa e Mbanaso; licenciados do BioMed Central Ltd. Este é um artigo de Livre Acesso: a cópia literal e redistribuição deste artigo é permitida em todas as medias para qualquer propósito, contanto que este aviso seja preservado juntamente com o link para a página de internet (URL) do artigo original em: http://www.biomedcentral.com/1471-2482/4/5


 

RELATO DE CASO
Miíase furunculosa do seio causado pelas larvas da mosca Tumbu (Cordylobia anthropophaga)
 

VÍDEO
Remoção de larva da mosca tumbu em seio infectado

Este é um artigo de Livre Acesso: a cópia literal e redistribuição deste artigo é permitida em todas as medias para qualquer propósito, contanto que este aviso seja preservado juntamente com o link para a página de internet (URL) do artigo original em: http://www.biomedcentral.com
/1471-2482/4/5
 

 

 

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